É de conhecimento comum o “nascimento” do blues nas cidades interioranas dos estados unidos. Através do dedilhar dos violões, os benditos pobres homens negros encontravam o consolo da música perante a ausência do desejado sonho americano. Por volta dos anos 20, nomes como Charles Patton, Son House e Tommy Johnson eram aclamados no cenário musical da época, assim como o novo gênero que surgia para o apreço popular. E como disse, isso não é novidade pra ninguém, mas o que não pode ser ignorada é a obra Blues, de Robert Crumb, que detalha e demonstra, com a maior sensação de nostalgia possível, o despertar dos bluesman em quadrinhos.
Utilizando-se do livro Deep Blues, de Robert Palmas, e de seus próprios conhecimentos sobre o gênero, Crumb criou uma biografia em quadrinhos que abordo os primórdios do blues destacando seus principais personagens e composições. Mas não só de música se faz um homem, Blues também abre espaço para a variante da religiosidade e para o segundo maior argumento da obra, o tempo.
Tempo este que Crumb demonstra estar em constante mutação, tentando revitalizar o passado através da sequencia de cenários transformados com o passar dos anos. Com o objetivo de preservar através da arte, ou mesmo lembrar aquele tempo que presenciou o despertar do blues.
A obra também apresenta pequenos contos que não fazem parte da história do blues, mas do nosso querido autor. Em alguns protagonizado pelo próprio através de pseudônimos como o “Sr. Nostalgia” e o colecionador de “É a vida”, e em outras de cara revelada como em “Protesto contra a música moderna” e “Repúdio ao kepp on truckin”. Sem contar com a discreta, mas incrível participação especial de Mr. Natural!
Outra curiosidade legal em Blues são as artes gráficas de discos e panfletos dos bluesman feitos pelo próprio Crumb, durante as décadas de 70 e 80.
Entendendo-se música como sentimento e blues como uma mistura de fuga e paixão, a obra de Robert Crumb não se trata de uma simples biografia sobre o gênero em seus primórdios musicais, mais uma homenagem ao estilo e ao tempo que o blues eternizou na história e no próprio autor.
POSTADO POR VANESSA
PS: Esse é o último post, ao menos por um tempo (tempo demais!), escrito por vanessa nos trópicos... E o Blues não podia ser uma trilha sonora mais perfeita para esse momento. Que fique registrado aqui o quanto essa amiga fará falta e, óbvio, desejos de que tenha uma boa viagem!
Um beijo Nessa, até breve!