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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Women


Quem me conhece sabe da admiração que tenho pela obra de Charles Bukowski (1920-1994). Bêbado, indecente, vagabundo, são os adjetivos mais frequentementes atribuídos ao “velho safado”, principalmente por quem encara mais superficialmente seus trabalhos. Não tenho a pretensão de dizer que tenho uma interpretação “correta” de sua obra, mas encaro de forma diferente o que ele escreveu. Especialmente o romance Mulheres, de 1976.
Henry Chinaski, alter ego de Bukowski, presente em quase todos os seus romances (com exceção de Pulp, de 1994), vive situações extremamente autobiográficas, próprias do universo de Buk, na Los Angeles suja e devassada em que viveu.
Como o título da obra sugere, o centro da estória são os relacionamentos de Hank (apelido tanto de Charles quanto de Henry), com diversas mulheres e as conseqüências desses envolvimentos.
Sem tesão pra ser crítico literário (e a capacidade), não vou me prolongar numa resenha. Mas não consigo evitar falar sobre o impacto que esse livro teve em minha vida. Não foi o primeiro livro dele que li, mas com certeza o que mais me marcou. Pra quem nunca teve contato com sua literatura, pode ser incomodo o caráter excessivamente autobiográfico de seus livros. Buk sempre teve uma atitude de distanciamento, alheamento auto-imposto, um ressentimento pela humanidade. Obviamente, isso interfere em seus relacionamentos amorosos. Machista, rude, um imbecil. Na superfície. Às vezes, até contra sua vontade, ele não é capaz de esconder seus sentimentos, e derrama toda a beleza que vivia restrita em sua poesia. No meio da sujeira da vida cotidiana, abaixo da maquiagem da megera que é a vida, a beleza incontestável de pequenos acontecimentos entre duas pessoas. Longe de mim querer explicar (ou entender) o homem Bukowski (ou Chinaski, que dá no mesmo), mas ao ler um número considerável de suas obras, acredito que boa parte de seu cinismo e rudeza vinham de uma enorme capacidade de amar, nem sempre correspondida. Dizer que ele não teve uma vida fácil seria um eufemismo (recomendo o livro Misto Quente), e isso o marcou mais profundamente do que a acne de seu rosto que o assolou na adolescência. Sua dificuldade de lidar com as pessoas, especialmente com mulheres, fãs, ídolos, autoridades, patrões e o resto da humanidade manifesta-se nessa obra, em meio às companheiras quem vem e vão, levando pedaços e deixando lições.
A vida não é assim?

LINK PARA DOWNLOAD DO LIVRO MULHERES (copiar e colar): http://www.4shared.com/account/file/29284377/a7fe007b/MULHERES_-_Charles_Bukowski.html

POSTADO POR RAFAEL

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