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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sandman

O que você faria se fosse o Rei do Mundo dos Sonhos:
a) Interferiria na Revolução Francesa de 1789?
b) Inspiraria Shakespare a criar Um Sonho de uma Noite de Verão?
c) Concederia a eternidade a quem ousar não querer morrer?
De fato, ter a responsabilidade de governar um mundo de ilusão, fantasia e desejos não é tarefa de universitários, como eu. Mas Neil Gaiman mostrou como um ser de tamanho poder pode ser e ter tantas características mortais quanto uma formiga.
Sandman (1987), obra prima do autor mencionado, é, para mim, uma arte literária com ilustrações artísticas e enriquecedoras referências. Além de as capas terem a magia do incrível Dave MacKean, as ilustrações criadas por diversos artistas proporcionam versatilidade ao mundo ilusório e onírico. Cheia de intrigantes personagens como Lúcifer, Constantine e Highlander, poesia, contos, e por que não, música, Gaiman criou uma das histórias em quadrinhos mais contempladas da atualidade.
O personagem Sandman não surgiu simplesmente através de sonhos na mente do Gaiman. Ele foi originalmente criado por Simon Kirby e Fleisher nos anos 70 para compor um dos aliados da Liga da Justiça. Este personagem usava uma máscara de gás, tinha um rubi com poderes mágicos e uma algibeira de areia do sono. Como já aconteceu com vários outros coadjuvantes da DC de ganhar sua própria revistinha, foi concedida a Gaiman a oportunidade de criar uma para o Senhor dos Sonhos. No entanto, as características entre o amigo do Super-Homem e da entidade Onírica se limitam ao nome e ao elmo. Neil criou todo um universo, uma personalidade ao personagem que o distancia de qualquer referência a aquele homem que luta pela justiça e jogo areia nos olhos das criancinhas para fazer-las dormir.
A HQ tem como protagonista o ser que dá título à obra, (que também pode ser chamado de Morpheus, Sonho, Oneiros, Senhor Moldador, etc) e conta a história e experiências de Sonho, ser melancólico de temperamento difícil, de pele muito branca, cabelos e vestes sempre escuras e olhos que nem estrelas, a cerca do mundo onírico, familiar, e do mortal. Por ser uma entidade que viaja pelo imaginário das pessoas, o Sr. dos Sonhos ultrapassa os limites do tempo e da tida realidade. Sandman não é santo, nem deus, nem imortal, é um Perpétuo (The Endless) responsável pelo mundo dos sonhos e pelo equilíbrio do universo.
Morpheus é o terceiro de sete irmãos, sendo o primeiro Destino, seguidamente da Morte, Destruição, os gêmeos Desejo e Desespero e a caçula Delírio, que um dia já foi Deleite. (em inglês: Destiny, Death, Dream, Destruction, Despair, Desire, Delirium) Cada um deles vive e ordena seu domínio visando o bom funcionamento de todos os mundos.
O Sonhar é o domínio do Senhor dos Sonhos e mundo das ligações de todos os sonhos de todas as pessoas existentes. O Castelo do Sonhar, além de ter a curiosa característica de mudar constantemente a aparência de acordo com o humor de seu senhor, é também moradia dos súditos Lúcien, responsável pela biblioteca que arquiva todos os sonhos sonhados, Mervv Pumpkinhead, zelador e faz tudo, e os irmãos Caim e Abel.
A obra é divida em 12 ciclos, e em média 75 exemplares e 10 extras (histórias/contos paralelos à narrativa principal), que juntos formam a mais complexa e densa saga da história dos quadrinhos. É também a HQ com a maior quantidade de prêmios acumulados, assim como seu autor, com 13 Eisner Awards (o Oscar dos Quadrinhos).
Sandman é um dos meus quadrinhos favoritos, e seu autor o escritor que eu mais admiro. Além de quadrinhos Neil Gaiman também proporciona suas fantasias à romances ficcionais, contos, e literatura infantil. Mas isso fica para um post futuro, já que já extrapolei (e muito) meus ansiosos comentários.

“LÚCIFER – Com ou sem o elmo, você não tem nenhum poder aqui... Que força tem os sonhos no inferno?
SONHO – Você diz que não tenho poder... Talvez tenha razão... Mas dizer que os sonhos não tem nenhum poder aqui?!... Você Lúcifer, diga-me... E todos vocês demônios perguntem-se... Que poder teria o Inferno, se os prisioneiros daqui não fossem capazes de sonhar com o Céu?” (Prelúdios e Noturnos – Vol. 04)

Bons Sonhos.

POSTADO POR VANESSA BARBOSA

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